CARTA ABERTA DA OCUPAÇÃO DE REITORIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA – UFSC DE EXIGÊNCIAS AO GOVERNO FEDERAL



Desde 2007, com a aprovação do REUNI a nível local e nacional - que contou com a presença da policia federal impedindo a manifestação de estudantes contrários ao projeto - nossa universidade vem sofrendo todo o tipo de precarização. Foram abertos 29 novos cursos, além de três novos campi nas cidades de Joinville, Curitibanos e Araranguá. Esta expansão foi realizada em nossa universidade de forma irresponsável e precária, sem a garantia de manutenção da qualidade do ensino em nossa instituição.
A precarização imposta à universidade federal apresenta a cada dia um quadro mais alarmante. Hoje apenas 4% dos jovens têm acesso à universidade pública, o que por si representa a gravidade da elitização destas instituições, e mesmo assim as poucas condições de permanência não contemplam o conjunto da comunidade universitária, as salas de aula não comportam os novos cursos, o restaurante universitário não suporta a demanda estudantil, o acervo da biblioteca é insuficiente assim como as vagas na moradia estudantil, que atende menos de 3% dos estudantes, e só existe no campus Florianópolis, desconsiderando a demanda dos demais campi criados por esta suposta expansão.

Mas entendemos que a realidade de nossa universidade nada tem de diferente da situação do conjunto das universidades brasileiras, que nada mais é do que o reflexo da falta de priorização da educação por parte do governo federal. O PNE criado em 2001 previa um aumento da porcentagem investida na educação para 7% do PIB (produto interno bruto) até o ano de 2010 e o novo PNE que será votado este ano além de reafirmar as metas do REUNI apenas mantém este índice. Este valor hoje é de menos de 5%, e não ultrapassa 2,9% do orçamento da União, enquanto o mesmo governo investe 49% do orçamento para sustentar bancos e empresas privadas através do pagamento das “dívidas” interna e externa. Sem contar com o grande desvio de dinheiro público para as obras do PAC como a Usina de Belo Monte que custou aos cofres públicos cerca de 30 bilhões de reais e destrói nossa floresta amazônica e desapropria os habitantes da região.
Se a cada ano a situação vem se mostrando mais crítica para a educação em nosso país, no ano de 2011 ficou ainda pior. O corte de 3 bilhões apresentado pela presidente Dilma Roussef no inicio deste ano deixou claro o descomprometimento com a educação por parte do governo federal.
O resultado da implementação do REUNI, somado ao pouco investimento e ao corte de verbas fica claro em nossa universidade quando nos deparamos com a proposta de corte do numero de vagas oferecidas no curso de economia, no atraso em mais de 2 anos de obras essenciais para a permanência dos estudantes como o restaurante universitário e os centos de ensino dos campi no interior, e na falta de professores efetivos que atinge todos os cursos da universidade.
A decisão dos estudantes de ocupar o prédio central de nossa instituição foi tomada em assembleia geral em decorrência da grave situação em que se encontra a universidade, além de todos os elementos citados, a greve dos servidores técnico-administrativos iniciada em 06 de junho deste ano, intensificou ainda mais as dificuldades de permanência dos estudantes. Entendemos que está é uma greve legítima, os estudantes da UFSC se postulam favoráveis a greve dos servidores e exigem do governo federal que abra a mesa de negociações e atenda as exigências dos servidores em sua integralidade.
Neste sentido os estudantes da UFSC exigem do governo federal:
  1. Abertura imediata da negociação e atendimento das reivindicações da greve dos servidores técnico-administrativos em sua integralidade.
  1. A imediata contratação toda a demanda de professores efetivos gerada pela expansão existente antes e depois do REUNI nas universidades públicas.
  1. A construção de um PNE amplamente debatido com a sociedade, e o imediato investimento de 10% do PIB para a educação pública; Verba pública para educação pública.

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