Como podemos reparar nos corredores e paredes do prédio da UFSC em
Araranguá existiam vários cartazes demonstrando que há um movimento
diferente acontecendo entre os estudantes deste campus. Um clima diferente
espalha-se nas conversas formais e informais. Pessoas são obrigadas a saírem
de suas zonas de conforto a partir de cartazes e panfletos que questionam
desde sentimentos básicos, como o respeito para com os estudantes de
Araranguá, até a possibilidade de inviabilização de um novo vestibular para os
cursos do campus no ano de 2012.
O fato é que ninguém se mobiliza ou expressa suas inquietações só pelo prazer de protestar. O protesto, sozinho não tem sentido, é vazio, é arruaça. Por isso qualquer manifestação de indignação só pode ser movida por nobres sentimentos de compromisso com aquilo que foi assumido.
Mas então, por que os estudantes de Araranguá protestam?
A resposta é simples, por que qualquer indivíduo quer traçar seu próprio
caminho na vida, por que todo mundo, que puder escolher, quer o melhor
futuro para si. Mas, e acima de tudo, os estudantes de Araranguá protestam
por que optaram por comprometer-se com aquilo que será a base de suas
carreiras profissionais e vida social.
De maneira prática, quando um cartaz questiona se "Você sabe o que é
REUNI?”, o objetivo não é introduzir o termo no léxico de quem lê, é para
introduzir o debate. Na verdade está perguntando: Você sabe como e por que
veio parar aqui?
Quando se denunciam os deslocamentos de docentes para fora de suas
especializações ou tendo de se desdobrar em quatro para atender às
necessidades do Campus a pergunta que fica é: Pode uma Universidade
cumprir, efetivamente, o seu papel com base em "Professores Band-Aid"?
Quando se coloca em dúvida o vestibular de 2012, o questionamento em nada
tem a ver com a execução ou não do ato do vestibular, antes sim,
questiona-se a estrutura oferecida aos aprovados em tal vestibular.
Se dissermos que queremos buscar juntos a solução, é por que não se pode
buscar efetivas soluções para problemas maquiados. A solução dá-se a partir
do momento em que temos coragem de, juntos e coletivamente, encarar a
realidade e, a partir daí, analisar possíveis metas a serem almejadas.
Logo, o que hoje é expressado em blogs, redes sociais, cartazes, panfletos,
entre outros, não passam de manifestações de inquietação com problemas
que pedem urgentes soluções. No fundo, são formas de demonstrar
comprometimento com algo que transcende o egoísmo e os interesses
pessoais de cada um, e ingressa no patamar do bem comum, da coletividade.
Para concluir, os estudantes de Araranguá protestam por que querem, nesta
cidade, uma Universidade Pública, Gratuita e de Qualidade e só poderão cessar
quando esse objetivo for atingido.
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